Zacarias cuida rotineiramente de um pé de caju plantado no Parque Mutuca, perto da rodoviária (Foto: Vinícius Martins/Arquivo Pessoal) |
Um morador de Gurupi, no Sul do
Estado, uniu o ‘útil ao agradável’ e tomou como hábito plantar mudas de árvores
frutíferas pelos canteiros da cidade e margens da BR-153. Zacarias Martins, 62
anos, é escritor e jornalista e conta que tudo começou quando, em suas
caminhadas diárias, percebeu a falta de arborização em pontos da cidade e o
“mau aproveitamento” das áreas públicas.
“Comecei fazer as caminhadas diárias
no ano passado depois de um problema de saúde. E nesse caminho entre cinco e
oito quilômetros fui reparando que por onde eu passava, tinha muitas áreas
públicas mal aproveitadas. Muitas, além de tomadas pelo mato, ainda acumulavam
lixo, então resolvi que não só iria fazer minhas caminhadas, mas, também,
providenciar o plantio de sementes das árvores frutíferas do cerrado”, conta o
escritor.
Segundo Martins, o trabalho era
prazeroso e ele ficava ansioso para ver as plantas crescerem. “Queria ver
minhas sementes brotarem, porém, o resultado não era muito promissor. Por isso,
há três meses resolvi mudar de estratégia; comecei plantar mudas dessas árvores
e estou muito feliz porque tudo está indo bem”, explica.
O voluntariado independente e
pessoal, para Martins, tem extrema importância sob diferentes fatores. “Meu
foco maior, neste momento, são aquelas faixas de terra que margeiam a BR-153,
no período urbano de Gurupi. Fico inconformado de constatar o quão são mal
aproveitadas. E meu sonho, no futuro, é que essas áreas se transformem em um
grande pomar democrático e de livre acesso a todos. As árvores atrairão os
pássaros, as pessoas também poderão experimentar as frutas dessas árvores”,
frisa o voluntário, sem deixar de comentar que esse trabalho de arborização
deve ser prioridade de gestão. "Deveria ser uma política de Estado",
complementa.
A logística parece simples, mas
demanda certo tempo. Martins conta que leva sementes, mudas e também toma o
cuidado de plantá-las e demarcar o espaço. “Comecei só com as sementes,
influenciado por uma história que eu li sobre uma pessoa que quando viajava
pelas estradas e aproveitava para jogar sementes de árvores pela janela do
carro. Mas como faço caminhadas decidi plantá-las, também uso madeiras e pedras
para evitar que sejam roçadas e passo todos os dias para ver como cada uma
está”, afirma o escritor, lembrando que ganha muitas sementes de amigos que já
sabem do seu trabalho voluntário.
Até agora, Martins continua fazendo
esse trabalho sozinho, mas já observou novas mudas em locais onde ele não
plantou. “Já vi o aparecimento de várias mudas de frutíferas nessas faixas de
área na BR-153. Não sei quem as plantou, porém, faço a manutenção de todas,
seja cortando o mato em volta ou aguando no período que não chove. Quero chamar
a atenção das pessoas com o meu exemplo positivo e já estou conseguindo”,
completa. (Lauane dos Santos)
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