quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Cultura quilombola tocantinense na 57ª Feira do Livro de Porto Alegre


O autor e sua obra (Foto: Ana Kanitz)
No próximo dia 30 de outubro, o professor Wolfgang Teske (foto) estará autografando o seu livro “Cultura Quilombola na Lagoa da Pedra – Tocantins”, na 57ª Feira do Livro de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Porém, no dia anterior, ele já tem agendada palestra na Ulbra, em Canoas/RS, onde falará sobre esse importante trabalho desenvolvido em terra tocantinense

Publicada pelo Conselho Editorial do Senado Federal, a obra de Teske possui 295 páginas e é fruto de estudos de caso de processo folkcomunicacional (estudo sobre processos de comunicação através das manifestações folclóricas e suas relações com a mídia), que foram realizados pelo autor durante seu mestrado em Ciências do Ambiente na Universidade Federal do Tocantins (UFT) e trazem uma análise profunda dos rituais, símbolos e rede de significados das manifestações culturais da comunidade.


Segundo Teske, essa obra dá visibilidade e resgata a riqueza e a preservação das características da comunidade, mesmo diante de situações de preconceito. “Esperamos que a obra reforce o respeito e traga políticas públicas para assegurar a cidadania da comunidade”, complementa.

Celebração da Roda de São Gonçalo (Foto: Émerson Silva)

Em 2009, Wolfgang Teske havia lançado o livro “A roda de São Gonçalo na comunidade quilombola da Lagoa da Pedra em Arraias” (Ed. Kelps), que se encontra na sua terceira edição e onde faz um registro dessa importante manifestação cultural no município tocantinense de Arraiais, no Sul do Estado,

Além disso, em 2010, foi publicado o foto-livro Projeto Fotográfico A Roda de São Gonçalo, sendo o primeiro livro dessa natureza no Estado do Tocantins. Ele é parte integrante da exposição fotográfica realizada em parceria com o repórter fotográfico Émerson Silva que acompanhou Teske durante a pesquisa e o fotojornalista Manoel Júnior. O trio foi selecionado no 1º Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afrobrasileiras, na área de Artes Visuais, concurso promovido pelo Ministério da Cultura, Fundação Cultural Palmares e do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Osvaldo Santos Neves (CADON), patrocinado pela Petrobras






Balbino Francisco Machado relatando histórias do passado


FOLKCOMUNICAÇÃO

Coordenadora do Programa de Mestrado em História da Universidade Federal de Campina Grande, na Paraíba, a professora doutora Juciene Ricarte Apolinário, que assina o prefácio da obra, considera que este trabalho de Teske é provocativo e que toca em questões muito importantes como é o caso das práticas culturais populares no Brasil, especialmente os de origem afro-brasileira.

Apolinário também destaca que a utilização das bases teórico-metodológicas da Folkcomunicação revela a capacidade do autor em trabalhar com uma pesquisa sócio-cultural e as formas como a comunicação, a partir da cultura popular, que permanece e resiste em comunidades quilombolas apesar de toda influência externa, especialmente dos meios de comunicação de massa que direta ou indiretamente deixam suas marcas nefastas.

SOBRE O AUTOR

Wolfgang nasceu em Blumenau, SC, filho de pedreiro e de dona de casa. Graduado em Teologia pelo Seminário Concórdia de Porto Alegre – RS (1981) e Comunicação Social/Jornalismo pelo Centro Universitário Luterano de Palmas – TO (2006) é pós-graduado em Docência do Ensino Superior pela Faculdade Albert Einstein de Brasília – DF. Também é Mestre em Ciências do Ambiente/Cultura e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Tocantins – TO (UFT). Morou em Belém onde coordenou o Centro Integrado de Educação, Saúde, Assistência Social e Evangelização. Em Palmas – TO, como primeiro diretor geral, foi o responsável pela construção e implantação do Complexo Educacional da Universidade Luterana do Brasil (1992 a 1997). Posteriormente, exerceu o cargo de Diretor de Relações Empresariais e Comunitárias da Escola Técnica Federal de Palmas – TO, na sua implantação (2003 a 2004). Integrou a equipe da administração municipal para a implantação do Sistema de Escolas de Tempo Integral e vários Conselhos Municipais (2005 a 2010). É professor universitário e atualmente integrante da Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Tocantins da UFT, atuando em pesquisa de âmbito nacional. (Zacarias Martins)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Professores da UnirG pesquisam cultura regional tocantinense

Wellitania de Oliveira e Fabiano Donato Leite, com o escritor Juarez Moreira Filho (Foto: Zacarias Martins)







Com o tema “Literatura Tocantinense e a Reinvenção da Identidade Regional no Contexto Atual”, os professores do curso de Letras do Centro Universitário UnirG, Maria Wellitania de Oliveira e Fabiano Donato Leite, estão coordenando uma pesquisa sobre o estudo da literatura regionalista tocantinense.

A pesquisa tem o intuito de averiguar a atual situação das expressões em narrativas da literatura tocantinense, no que diz respeito às características que identificam a cultura do Estado. O projeto foi aprovado pela Pró-Reitoria de Pesquisa da Instituição (Propesq).

“Atrevo-me a dizer que não há um estado mais brasileiro do que o Tocantins, pois aqui encontramos gente de todo o país, pessoas que vieram somar com o já existente. Esta soma pode ter resultado numa nova identidade cultural capaz de fazer o corte do cordão umbilical que une (ou unia) o Tocantins e Goiás. Isso é o que queremos descobrir em nossa pesquisa”, afirma Maria Wellitania.

A professora acrescentou ainda que “é importante ressaltar que um dos fatores principais que favoreceu a divisão do estado, foi a peculiaridade cultural do Tocantins, o antigo norte goiano. Essa peculiaridade foi enfatizada no discurso autonomista na época”.

O foco do estudo será embasado em autores regionalistas goianos como: Bernardo Élis, Eli Brasiliense, Carmo Bernardes e José J. Veiga, além de outros autores brasileiros como o mineiro João Guimarães Rosa.

“Escolhemos trabalhar com o foco nos autores de narrativas (contos e romance), pois nessas narrativas é possível encontrar todos os elementos que caracterizam a linguagem, os costumes, as crenças, enfim, a cultura de uma região. Para isso, fizemos uma pesquisa para sabermos quem são os autores de narrativas em Goiás e Tocantins e recebemos, inclusive, auxílio de membros das Academias de Letras destes estados”, relatou.
Também existe a intenção de buscar nas obras tocantinenses examinadas os elementos que fizeram e que fazem do Tocantins um estado uníssono. Além disso, pretende trazer à tona os escritores que são, de fato, regionalistas, que tem feito dos elementos culturais do estado, a matéria orgânica de suas escritas.

“Neste caminho trilhado por diversos escritores, registram-se as criações dos tipos de rua, presentes na literatura de Juarez Moreira; a contística folclórica de Dourival Santiago e Murilo Bahia Brandão Vilela; a contística sociopedagógica de Fidêncio Bogo e o regionalismo sociológico de José Liberato Costa Póvoa, entre outros que estão se afirmando como escritores de narrativa regionalista”, disse a professora.

Segundo Wellitania esses escritores exigem uma apreciação mais crítica acadêmica sobre os registros e divulgação de suas obras. “Atualmente, a análise destes escritos e o reconhecimento da criação literária ainda deixam a desejar, em vista do muito que ainda é possível ser estudado. Esse quadro pode melhorar, por meio, basicamente, da pesquisa, do empenho crítico e da produção de quem lê as obras dos autores regionais”.

A importância desta pesquisa se faz pelo fato dela ser didática, investigativa e promovedora da valorização da cultura regional. A professora ressalta ainda que o estudo culminará com a produção de um material crítico, tanto por parte dos acadêmicos envolvidos, como pelos professores pesquisadores.

“Temos o apoio de muitos alunos de Letras, de todos os períodos, que quiseram contribuir com o trabalho e se dispuseram a fazer leitura das obras e dar um parecer crítico sobre o livro, considerando se a obra é ou não regionalista. A pesquisa é de todos que queiram se envolver no projeto, para que alcancemos nossos objetivos, toda ajuda neste sentido é bem-vinda”, finalizou a professora.
Ascom/Unirg